"Il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente."
CAMILLE CLAUDEL
Assim como Camille, todos nós mais cedo ou mais tarde sentimos a ausência de algo inidentificável. Tal falta nos atormenta veementemente. No entanto, como podemos ansiar por uma coisa que não conhecemos, que nem sabíamos possível existir, quanto mais que a havíamos perdido? O que seria essa ausência de algo que não se sabe o que é? E o pior, capaz de nos trazer um sentimento de dor “na alma”, uma dor espiritual que não cessa nem diminui. Muito pelo contrário, com o passar dos anos, se ousarmos não dar-lhe atenção, ela toma conta de todo nosso ser. Então, o que é isso, esse algo tão importante que nos falta?
Para os antigos celtas da Irlanda a existência era indescritivelmente mais difícil sem a presença de um “anamchara”, ou seja, de um “amigo da alma”, um confidente. Aquele com quem poderíamos contar nas horas difíceis, assim como nos momentos de extrema felicidade. A necessidade de ter alguém para partilhar as dores e alegrias desse mundo sempre nos levou a arriscar muito. E, se por ventura não encontramos uma pessoa honrada e verdadeira, corremos o risco de perder tudo, inclusive a nós mesmos. Quantos não se envolveram com o que acreditavam ser sua “alma gêmea” só para encontrar desolação e mais carência depois? Quem nunca depositou toda espécie de confiança em um amigo e se decepcionou? Porque sempre buscamos esse “algo que nos falta” em pessoas tão humanas quanto nós e, por isso mesmo, passíveis de falhas e imperfeições? Não que não devamos ter amigos e pessoas especiais às quais podemos partilhar nossas vidas e buscar orientação quando há inquietação e confusão. Mas quem sabe seria melhor seguir a orientação de Carl G. Jung quando diz que “quem olha para fora sonha; quem olha para dentro acorda”.
Consequentemente, não seria melhor buscar esse amigo dentro de nós mesmos? Quem saberia mais sobre nossos anseios do que o nosso “anamchara” interior? Que amizade poderia ser mais sagrada que aquela selada com nossa própria alma? Quanta coragem e humildade é preciso ter para parar de sonhar e finalmente acordar? Talvez não seja a vida quem nos magoa e nos parte o coração, quem sabe sejamos nós mesmos os responsáveis por todo o sofrimento que há sob a luz desse mundo...
CAMILLE CLAUDEL
Assim como Camille, todos nós mais cedo ou mais tarde sentimos a ausência de algo inidentificável. Tal falta nos atormenta veementemente. No entanto, como podemos ansiar por uma coisa que não conhecemos, que nem sabíamos possível existir, quanto mais que a havíamos perdido? O que seria essa ausência de algo que não se sabe o que é? E o pior, capaz de nos trazer um sentimento de dor “na alma”, uma dor espiritual que não cessa nem diminui. Muito pelo contrário, com o passar dos anos, se ousarmos não dar-lhe atenção, ela toma conta de todo nosso ser. Então, o que é isso, esse algo tão importante que nos falta?
Para os antigos celtas da Irlanda a existência era indescritivelmente mais difícil sem a presença de um “anamchara”, ou seja, de um “amigo da alma”, um confidente. Aquele com quem poderíamos contar nas horas difíceis, assim como nos momentos de extrema felicidade. A necessidade de ter alguém para partilhar as dores e alegrias desse mundo sempre nos levou a arriscar muito. E, se por ventura não encontramos uma pessoa honrada e verdadeira, corremos o risco de perder tudo, inclusive a nós mesmos. Quantos não se envolveram com o que acreditavam ser sua “alma gêmea” só para encontrar desolação e mais carência depois? Quem nunca depositou toda espécie de confiança em um amigo e se decepcionou? Porque sempre buscamos esse “algo que nos falta” em pessoas tão humanas quanto nós e, por isso mesmo, passíveis de falhas e imperfeições? Não que não devamos ter amigos e pessoas especiais às quais podemos partilhar nossas vidas e buscar orientação quando há inquietação e confusão. Mas quem sabe seria melhor seguir a orientação de Carl G. Jung quando diz que “quem olha para fora sonha; quem olha para dentro acorda”.
Consequentemente, não seria melhor buscar esse amigo dentro de nós mesmos? Quem saberia mais sobre nossos anseios do que o nosso “anamchara” interior? Que amizade poderia ser mais sagrada que aquela selada com nossa própria alma? Quanta coragem e humildade é preciso ter para parar de sonhar e finalmente acordar? Talvez não seja a vida quem nos magoa e nos parte o coração, quem sabe sejamos nós mesmos os responsáveis por todo o sofrimento que há sob a luz desse mundo...
Toda inquietação desaparece quando compreendemos que nossa felicidade reside no nosso interior. Quando percebemos e aceitamos que ninguém nos dará aquilo que compete apenas a nós mesmos, ficamos livres para então encontrarmos nosso "anamchara" exterior e compartilhar com ele nossa felicidade. Excelente texto.
ResponderExcluirParabéns.