sábado, 29 de maio de 2010

A New Immram
Immram Chant*

I do not know where I am bound.
I journey far across the foam.
I seek my soul – where is it found?
I watch the star to guide me home.

There is an island in the west
Under the sun, over the sea,
I travel far upon my quest.
I seek a guide to pilot me.

A branch of silver in my hand
With crystal bloom and golden fruit
The mother tree grows on the strand
It's there that I shall find my root!

There is an island in the sea,
Where waters flow and food gives life,
Where is no foe, where love is free
I seek the place where is no strife.

I watch the star to guide me home,
I found my soul and spirit's rest,
I traveled far across the foam
There is no ending to my quest.

Caitlin Matthews - The Celtic Book of the Death

________________________________________
*Cântico Immram
Não sei qual é o meu destino.
Viajo para muito longe das ondas.
Procuro minha alma, onde ela está?
Eu olho a estrela para me guiar de volta.
Há uma ilha no oeste
Sob o sol, sobre o mar,
Viajo para muito longe em minha busca.
Procuro um guia para me conduzir.
Um ramo de prata em minha mão
Com flor de cristal e fruto dourado,
A mãe árvore cresce na praia;
É lá que eu devo encontrar minha raiz.
Há uma ilha no mar,
Onde as águas fluem e o alimento dá a vida,
Onde não há inimigo, onde o amor é livre.
Procuro o lugar onde não há contenda.
Eu olho a estrela para me guiar para casa,
Encontro o repouso da minha alma e meu espírito,
Viajei muito além das ondas.
Não há fim em minha busca.


Caitlin Matthews - O Livro Celta dos Mortos

UM NOVO ECHTRAE

Quando a vida nos leva ao final de um ciclo, nada nos resta a não ser juntar os trapos e recomeçar tudo de novo. Essa nova jornada, quando ansiada, vem repleta de grandes esperanças e espírito aventureiro. Porém, no mais das vezes é feita a contragosto e tendemos a empreendê-la deprimidos, desiludidos, derrotados e culpados. Frequentemente chegamos à hora derradeira absolutamente contrafeitos e se torna impossível vislumbrar a luz oculta no fim das coisas. No entanto, o famoso escritor Yamamoto Tsunetomo, afirmava solenemente em seu Hagakure: “O fim de todas as coisas é importante”.
Essa idéia fazia parte do código de conduta do Samurai e ainda assim era preciso uma vida toda de treinamento para absorver seu verdadeiro significado... Mas como aceitar o fim, principalmente quando se trata do fim de algo muito querido e desejado? Como deixar ir o que tem que ir e assumir que é chegada a hora de tomar um outro rumo? E, o mais importante, como terminar um ciclo sem perder-se a si mesmo?
Talvez o ponto chave seja buscar a capacidade de iniciar a nova etapa de dentro para fora, isto é: centrar-se, descobrir o que realmente nos pertence e aquilo que pegamos emprestado ao longo do caminho, reconhecer o próprio valor e separá-lo da loucura alheia. Essa redescoberta de si mesmo encontra eco nas antigas Jornadas Místicas Celtas. Nos Echtrai o herói percorre, segundo a autora Caitlín Mattews, a sua própria “cosmologia interna” e aos poucos e através de desafios vai descobrindo sua verdadeira essência. Se o protagonista respeitar os limites do Outro Mundo e retirar dele apenas aquilo que é seu por direito, será capaz de voltar dos mares interiores vitorioso e pleno em sabedoria.
Para os Celtas, só era possível alcançar Tír na nÓg (a Terra dos Sempre Jovens) ou Mag Mell (a Planície da Alegria), se o empreendedor da viagem ao Outro Mundo fosse capaz de identificar os seres que habitavam suas inúmeras ilhas e de assimilar seus ensinamentos muitas vezes difíceis e cheios de perigos. Em muitas das ilhas, o viajante corria o risco de se perder em encantos e ilusões ou de beber de néctares que o tornariam inconsciente ou que o fariam se deixar ficar. Era impressindível que o herói soubesse reconhecer as dádivas do Outro Mundo e que só tocasse e consumisse aquilo que fora destinado a ele.
Assim ocorre conosco, precisamos percorrer nosso interior para descobrirmos o que realmente é nosso e nos desfazermos daquilo que não nos pertence. Só assim seremos capazes e teremos forças para voltar ao mundo externo e enfrentarmos o dia a dia e os novos obstáculos e ciclos que invariavelmente surgirão em nossas vidas. Como diria o velejador brasileiro, vitorioso de vários Echtrai, Amyr Klink: “Um homem precisa viajar por sua conta. Não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para enteder o que é seu (...)”. Entendendo o que é nosso, não precisaremos mais buscar o que é do outro, teremos o coração leve e o espírito suave, e seremos capazes de iniciar um novo Echtrae, respeitando tudo o que é importante e sagrado em nós e nas outras pessoas. Poderá ocorrer de ficarmos completamente ensopados depois da aventura interior, porém, se conquistarmos a vitória, seremos dignos de caminharmos sob a luz desse mundo também!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Had I the heavens’ embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.*

W.B. Yeats (1865–1939) - He Wishes For the Cloths of Heaven
_______________________________________

*Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.

sábado, 1 de maio de 2010

John William Waterhouse - The Magic Circle

Caster of circles
Mistress of nets
You who inspire
You who require respect
Thine is the blackbird
on a white bone dome
Thine is the cauldron
Mine is immersion
I am the light
I am a sword for protection
Mine is the fight
I am a shield for shelter
The world is my home
I do not lack words*

WHO BUT I? – 2010
(Posted with kind permission of the author)
_____________________________________________

*Criadora de círculos
Senhora das redes
Tu que inspiras
Tu que demandas respeito
Teu é o melro
sobre o branco osso côncavo
Teu é o caldeirão
Minha é a imersão
Eu sou a luz
Eu sou uma espada para proteger
Minha é a luta
Eu sou um escudo para abrigar
O mundo é meu lar
Não me faltam palavras