quarta-feira, 29 de setembro de 2010

“Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia."

Nietzsche

sábado, 25 de setembro de 2010

BRILHO

"Perhaps my best years are gone...
but I wouldn't want them back.
Not with the fire in me now."*
SAMUEL BECKETT

Todos os seres são providos de uma pequena luz, uns a chamam de centelha divina, outros de alma, outros ainda de psique e se nos aprofundamos, perceberemos que existem tantos nomes quanto existem culturas e formas de pensamento no mundo. Para os místicos de todos os tempos, essa luz é como um tesouro especial, nosso por direito, que precisa ser cuidado e polido ao longo da vida para que cresça e se expanda, alumiando dessa maneira nossas mentes e nossas existências.
É ela que nos permite olhar para além de nós mesmos e alcançar as outras pessoas, que nos dá confiança para arriscarmos a fazer sempre o melhor independente da forma como seremos retribuídos e coragem para reconhecer nossos sentimentos, anseios e fraquezas antes de tocarmos as vidas dos outros. Viver conscientemente exige maturidade, responsabilidade e comprometimento, pois quando deixamos de nos colocar no papel de vítimas e assumimos nossos destinos como sendo fruto de nossas ações, permitimos que o fogo de nossas almas se torne intenso e constante.
Com um pouco de atenção é possível perceber a diferença entre aqueles que alimentam esse lúmen e os que nem descobriram possuí-lo. Há uma certa dignidade, uma certa soberania, nas pessoas que cultivam sua alma. Elas tem um fogo vivo - o bem mais valioso do ser humano - ardendo em seus corações, tanto que o escritor irlandês Samuel Beckett afirmou que não trocaria seus anos de juventude pela experiência e transcendência que tal fogo lhe proporcionava. Quem se ocupa em permitir que sua alma viceje não teme o passar do tempo, pois isso não é nada comparado às Bodas entre o Céu e a Terra, ou seja, à sabedoria, ao calor, à vertigem e à doçura do encontro com a própria alma.
“Obscurecer a alma de outro ser é roubar sua luz. Respeito é o oposto do roubo: ele reconhece e fortalece a luz do outro”, diz Caitlín Matthews em seu Livro Celta dos Mortos. Sendo assim, quando dois seres que cultivam o brilho da alma se encontram - sejam eles amigos, parentes ou amantes - há sempre um acréscimo, uma soma. Ambos são beneficiados nesse encontro, porque apesar de sentirem que recebem muito, nenhum tira nada do outro, não há perda. Muito pelo contrário, a alteridade enriquece ao invés de solapar e aniquilar.
Por outro lado, quando sentimos que alguém nos magoou ou nos “roubou a alma”, precisamos antes de tudo entender que tal pessoa não pretendia absolutamente nos fazer mal, sua intenção era acertar. No entanto, pelo fato de nunca ter olhado profundamente para dentro de si mesma a ponto de conhecer sua exata dimensão, agiu da única forma que sabia: fugiu da luminosidade que antes a atraía. Afinal o brilho no outro ecoa em nós e nos faz lembrar, mesmo que inconscientemente, de nossa própria luz. E não existe coisa mais desejosa e perigosa do que a própria luz! Pois quando iluminamos nosso interior não há mais onde nos esconder, não há outra saída a não ser ficarmos cara a cara com nossas fraquezas e inaptidões até o momento em que resolvemos criar coragem para trabalhá-las e transmutá-las.
Segundo o Prof. Phal, citado por Jean-Claude Carrièrre em seu livro Dictionnaire Amoureux: “Para o hinduísmo clássico não existe o mal e sim o erro (...). Uma idéia de erro mais que maldade”. Um erro de percepção faz com que os seres procurem sua luz no outro. Porém, para amadurecer emocionalmente o suficiente a fim de compreender todas as subjetividades e responsabilidades inerentes ao relacionamento humano é preciso antes de tudo entrar em contato com o fogo interior. Só desse modo estaremos prontos para sermos bons companheiros para nós mesmos e para os demais. Somente assim não correremos o risco de “roubar a luz” do outro e é apenas dessa forma que seremos capazes de sempre somar e jamais subtrair.
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*"Talvez meus melhores anos tenham ido...
Mas eu não os quero de volta.
Não com o fogo que arde em mim agora."
SAMUEL BECKETT

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O AMOR

O Amor agita meu espírito
como se fosse um vendaval
a desabar sobre os carvalhos.

Safo, a Décima Musa – Século VII a.C.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Priscila Jacewicz - A Árvore da Vida que Nasce da Noite dos Tempos III

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"(...) tudo o que vive na alma reluz em múltiplas cores. Tudo é produto do passado e carrega um futuro, e nada pode ser considerado como sendo apenas fim, pode ser também começo."

C. G. Jung - Tipos Psicológicos